Na verdade, era para ser uma noite de pizzas, como gostam de fazer em São Paulo. Éramos todos amigos que tínhamos trabalhado juntos há dez anos atrás. Como sou mineiro, aquela coisa de fazer a massa e assar em casa era uma novidade fascinante para mim.
Casos, lembranças, comida e bebida, várias conversas concomitantes. Então, alguém, não lembro quem, introduz o assunto de um amigo em comum, contemporâneo nosso. Vou chamar aqui esse profissional de “Chiquinho”. Soltaram a seguinte pérola:
- Ah! Porque o Chiquinho vacilou! Ele sabe muito mais e tem muito mais experiência do que a garota que foi promovida em seu lugar.
Apesar do ambiente informal, éramos todos profissionais de nível gerencial. Aquele comentário soou como uma bomba! Cada um queria dar o seu pitaco e defender seu ponto de vista. Foi uma discussão marcante, super produtiva.
Se nosso amigo era tão bom profissional, por que ELE não foi promovido? Por que colocaram alguém com menos... bagagem... do que ele? Por que isso acontece repetidas vezes no mundo corporativo? Tinha acontecido até mesmo com alguns de nós.
A situação era mais ou menos a seguinte: Chiquinho trabalhava há muito tempo na empresa. Havia se dedicado bastante e cumprido todo o plano de ação discriminado em sua avaliação de desempenho por anos, repetidamente. Sempre a mesma coisa. Um cara de resultados! Focado! Já havia tido tempo mais do que o suficiente para conhecer as pessoas chave da Cia. Assim, também já tinha se exposto bastante.
Chiquinho tinha trabalhado em funções diferentes, transitando horizontalmente pela empresa. Era uma excelente forma de enriquecer seu currículo! E era isso que ele queria. Focar seu desenvolvimento para ser promovido quando chegasse a hora, afinal já tinha esperado bastante e não estava mais tão novo.
Enquanto a galera discutia a situação do Chiquinho, me veio `a mente que aquela situação era uma situação comum. Poderíamos até compará-la com uma contratação, com ou sem indicação. O desenrolar seria bem parecido.
Foi interessante identificar os advogados do Chiquinho e os promotores, acusando. De um lado, os advogados defendiam a competência, a dedicação e a experiência. Do outro, os “amigos promotores”, diziam que apesar da relação que tinham com o “réu”, não era uma convivência fácil. Alegaram que o próprio Chiquinho tinha consciência disso. Cheio de manias, sistemas. Sua xícara estava sempre cheia de chá. E para ter chá novo na xícara, é necessário esvaziá-la primeiro. Assim funciona o processo de desenvolvimento. Ou funcionaria, se ele fosse um pouco menos resistente.
Então, meu questionamento de uma vida inteira começou a ficar mais claro e evidente. Para ser promovido ou contratado: Melhor focar no relacionamento ou na competência?
Proponho um exercício. Venha comigo. Imagine que você seja o chefe, o responsável pela vaga. Seja contratação ou promoção, whatever. São duas as suas opções finais. Os dois candidatos são muito bons. Existem diferenças sutis que você e sua equipe percebeu. Examine o perfil dos dois concorrentes:
Agora, analisando essas características, me diz? Senhor ou Senhora gerente, quem você contrataria? Quem promoveria?
Surpreendentemente, a galera chegou a um consenso. E eu, depois disso, repensei o meu lado interpessoal, valorizando-o muito mais, até hoje.
Sucesso!
Juntos somos mais!
Caro Paulo,
ResponderExcluirBastante pertinente a questão levantada no seu post. Em era de bolhas, crises, ondas e escassez de pessoal qualificado, as Empresas têm direcionado mais recusros na seleção e/ou avaliação de suas Equipes.
Para completar a avaliação de Relacionamento X Competências, temos que incluir na mesma, o "momento" pelo qual a Empresa está passando.
Acredito que a Empresa do "Chiquinho" estava num momento "azul" no seu Cash Flow, caso contrário teria promovido o "Sr. Resultado".
Potencial é "oxigênio" para uma organização, mas lembremos que muitas morrem na UTI por falta de resultados.
Um grade abraço e parabéns pelo Blog. Estou seguindo.
Vital Sousa
(http://varejum.blogspot.com/)
Caro Vital,
ResponderExcluirPrimeiramente, obrigado pela contribuição!
Pela lógica ou seguindo os parâmetros da racionalidade e até mesmo o certo e justo, deveria ser assim mesmo, principalmente nas empresas que estão no vermelho. Mas, na prática, o que vemos é um monte de incoerências e situações que favorecem ao "que daria menos trabalho para gerenciar", resumidamente. Isso explica até a nossa política! As excessões existem e concentram-se nos negócios menores, mais visíveis aos "olhos do dono".
Por via das dúvidas, será motivo de uma enquete no Blog.
Parabéns pelo seu Blog carregado de conhecimento e experiência! Já sou fã!
Sucesso! Juntos somos mais!
Leão